quinta-feira, 19 de maio de 2011

Trupe Artemanha ameaçada de perder espaço da Escola...

Ocupação e Resistência: Trupe Artemanha é ameaçada de perder espaço, recém ocupado para criação da Escola Popular de Teatro.
Desde o início do ano instalados no espaço Nathalia Rosemburg (espaço público concedido pela subprefeitura), o grupo, juntamente com a subprefeitura, procurava espaço que atendesse ás necessidades de estrutura de uma escola.
O espaço da rua Aroldo de Azevedo, 20, na mesma quadra do espaço Nathalia Rosemburg, foi prédio da subprefeitura durante muito tempo, depois serviu de sede para o Instituto Oca e mais pra frente Uboé. Depois  do isso o local ficou abandona até que há cerca de um ano, quando a subprefeitura pegou fogo, serviu de abrigo para o CRAS/Campo Limpo, que pertence a Secretaria de Assistência Social, que se instalou no local por apenas 45 dias, se mudando para prédio próximo particular e deixando no espaço muitos equipamentos e patrimônios públicos já sem uso.
Neste curto tempo em que estiveram no local, o CRAS não realizou melhorias para o prédio que estava com problemas de esgoto, água, luz, cupim e até sofrendo saques e arrombamentos constantemente. O problema de água e luz foi resolvido através de um “gato” e sem nenhuma estrutura, já que as fiações estavam condenadas, correndo risco até de incêndio no local.
Há cerca de dois meses, quando soubemos da contemplação do Programa de Fomento ao teatro para a cidade de São Paulo, que viabiliza a criação da Escola, tivemos uma reunião com o subprefeito do Campo Limpo e o supervisor de Cultura, que alegaram não saber com quem estava as chaves do local e também não ter encontrado nenhum processo jurídico em andamento sobre cessão de uso prédio. Em reunião, acordamos que a Trupe faria no espaço, a Escola e iniciamos a parte legal de documentação para cessão de uso do espaço.
Como os trâmites burocráticos são lentos, mesmo sem a cessão oficial, trocamos as fechaduras e entramos no espaço para dar início aos reparos. O que encontramos foi um prédio completamente abandonado, sendo destruído por cupins, com o esgoto entupido causando enorme mau cheiro, focos de dengue e de bichos (ao lado da creche!), nenhuma estrutura de banheiros (todos arrebentados), com problemas de fiação, lixo e uma dívida de luz e água ainda da época da Uboé.
Há vinte dias, os dez integrantes da Trupe realizam os reparos de pintura, limpeza, higienização, organização do patrimônio abandonado em uma única sala, compra de equipamentos e de vasos sanitários, tintas, fios... toda preparação para colocar a escola em funcionamento.
Neste momento, o CRAS reivindica a posse do espaço, alegando invasão da trupe (que rompeu as fechaduras) e inclusive acusando os integrantes de furto do patrimônio público, devido ao sumiço de equipamentos como um microondas, que já não estavam no local quando a Trupe entrou, provavelmente por conta dos saques e arrombamentos ocorridos durante o abandono.
A subprefeitura apóia nossa permanência no local, mas está marcada reunião com representantes do CRAS, da trupe e da subprefeitura para semana que vem, quando as questões serão esclarecidas.
Importante salientar que por toda cidade de São Paulo, são inúmeros os prédios, casas, fábricas antigas, espaços públicos que estão completamente abandonados e sem uso e que poderiam servir para sedes de grupos, criação de centros culturais, projetos sociais... trabalhos de relevância para a comunidade e que trariam inúmeras transformações sociais, políticas e culturais, no local e nas proximidades.
Há já alguns grupos em diferentes regiões que realizam trabalhos incríveis com a comunidade, a partir do teatro e da arte, em espaços antes ociosos e que foram ocupados e a história é sempre a mesma. Assim que o trabalho se inicia, o espaço abandona vira motivo de disputa por diversos tipos de poderes, que até então não se mobilizavam para qualquer espécie de melhoria ou utilização da área.
Fiquemos atentos: de maneira geral, pode-se definir espaço público em um espaço central que dá realidade material e simbólica a cidade, ou seja, entendendo-o como um território específico dotado de suas próprias marcas e signos de delimitação e que é pensado como plural e condensador do vínculo entre a sociedade, o território e a política de forma democrática.
Também são espaços de livre acessibilidade, de uso comum dos cidadãos e de coesão da sociedade, apresentando como características o fato de ser geral (refere-se a cidade como uma totalidade), coletivo (para uso e desfrute de todos os habitantes), comum (pertence aos cidadãos e são regidos pelo direito público) e representam uma hierarquia no ordenamento urbano (corresponde a interesses superiores por representar o bem comum). Ainda, o espaço público constitui a cidade tanto em sua dimensão físico-espacial quanto sociocultural, sendo que os processos que ali se desenvolvem são capazes de dar sentido à vida pública dos cidadãos.
                É dever e direito nosso intervir em situações em que o Espaço Público está sendo destruído e onde inúmeras possibilidades de trocas e de experiências riquíssimas: culturais, sociais, de lazer, que poderiam representar forte potencial transformador nas comunidades, são desperdiçadas e ignoradas.
               

Para mais informações sobre o trabalho da Trupe Artemanha e a Escola Popular de Teatro: www.escolacita.blogspot.com ou www.trupeartemanha.com.br



Matéria e Entrevista feitos pela Cooperativa Paulista de Teatro!

Atuante nos bairros da zona sul de São Paulo mais afastados do centro, a Trupe Artemanha, que completa 15 anos em 2011, realiza um sonho ao lançar, com apoio da 18ª edição do Fomento Municipal ao Teatro em São Paulo, a Escola Popular de Teatro – CITA (Centro de Investigação Teatral Artemanha), com ensino gratuito.
O curso, criado após longa pesquisa do coletivo junto a Escola Livre de Teatro de Santo André (ELT) e o Ói Nóis Aqui Traveiz, terá inicialmente 16 vagas e está com inscrições, até 7 de maio (prorrogadas até dia 10), abertas. As aulas se relacionam com as pesquisas do grupo, que perpassam a dança, a história brasileira, as culturas popular e periférica e a relação com a cidade. Serão ministradas no bairro de Campo Limpo (saiba como se inscrever).
A CPT conversou, por e-mail, com Luciano Santiago, um dos integrantes da Trupe para saber mais sobre a iniciativa.
CPT: Poderiam contar um pouco da história do grupo?
Luciano Santiago: A Trupe Artemanha vem desenvolvendo seu projeto artístico desde 1996, realizando importante movimento teatral na zona sul de São Paulo, com apresentações de espetáculos, organização de mostras, palestras e oficinas abertas ao público em geral, aos artistas e aos estudantes.
O grupo procura trazer para cena temas que dialoguem com elementos circenses, danças dramáticas e ritmos populares, com o principal objetivo de apresentar espetáculos que provoquem exercícios de reflexão e discussão social. Neste contexto o processo de construção dos espetáculos do Artemanha se aproxima de acontecimentos históricos expressivos e do contato com elementos componentes da Metrópole de São Paulo. Por meio do diálogo com grupos sociais localizados na periferia e da análise dos diferentes usos que estes grupos imprimem ao espaço urbano, seja para a circulação ou para a ocupação cotidiana, estes elementos revelam-se como argumentos para o desenvolvimento da pesquisa estética do grupo.
CPT: Como nasceu a ideia de criar a Escola Popular de Teatro?
Santiago:
 A Trupe Artemanha já realizava oficinas livres. O grupo tem buscado ampliar essa experiência pedagógica, inclusive visitando e buscando aspectos similares em importantes escolas de formação teatral como a Escola Livre de Teatro de Santo André. A Escola CITA surge baseada nesse intercâmbio com o Ói Nóis Aqui Traveiz e na trajetória do grupo de adquirir vivência a partir das experiências de oficinas livres, das pesquisas realizadas e de treinamentos que sempre fizeram parte dos projetos propostos pelo grupo para editais públicos.
Acreditamos que este seja um dos principais projetos em seus 15 anos, capaz de sustentar e aliar o pensamento reflexivo, o potencial artístico e a continuidade das ações na região que o grupo desenvolve. Criando assim, um bloco que envolva outros segmentos culturais, estimule o surgimento de novos grupos teatrais e contribua para a difusão do teatro-político de resistência entre os moradores dos bairros da cidade de São Paulo.
CPT: Como foi composta a grade curricular e qual o objetivo do grupo ao construí-la nesse formato?
Santiago: A programação das aulas foi debatida exaustivamente dentro do grupo. Realizamos consultas com professores, pesquisadores que vivenciam e ajudam nos diversos processos de formação autoral, como o professor Antônio Rogério Toscano, que foi coordenador da Escola Livre de Teatro de Santo André, Tania Farias do  Ói Nóis Aqui Traveiz, Tiche Viana (Barracão Teatro), Renato Ferracini (Teatro Lume) e o professor Alexandre Mate.
A partir destas proposições, que foram aliadas à necessidade de jovens artistas da região de atuação em grupo, chegou-se a um processo intensivo de treinamentos que reúne diversos elementos de estudos para o teatro popular: Danças Dramáticas Brasileiras, Musicalização com diferentes instrumentos musicais, o circo, a interpretação partindo da máscara neutra e expressiva, da teoria e estética teatral grotesca.
Todos os elementos serão direcionados para formação do ator-pesquisador em Teatro Popular, que tomará contato, por exemplo, com as Danças Dramáticas Brasileiras, tendo como proposta investigar minuciosamente a mecânica da dança, do pulso e do ritmo, evoluções coreográficas e de suas diferentes qualidades de energia. Trabalhando com o estudo do Cavalo Marinho da Zona da Mata Norte de Pernambuco, o Batuque Paulista-SP, o Samba de Parelha de Mussuca-SE e o Frevo-PE, treinamentos que serão ministrados por Alício Amaral e Juliana Pardo.
CPT: Qual é a ponte que a escola faz com o Hip Hop, uma vez que ensinamentos sobre esta cultura também estão inclusos na grade?
Santiago:
 Mais importante do que falar de um projeto artístico, é preciso comentar sobre a resistência que vem acontecendo em bairros da periferia de São Paulo, com coletivos teatrais que desenvolvem trabalhos de provocação política, em regiões bastante afastadas do grande centro financeiro e de mandonismo. A Trupe Artemanha, também mergulhada nessa realidade, propõe o Núcleo de Pesquisa Hip Hop dentro da programação de aulas da Escola-CITA.
O grupo sempre viveu próximo ao movimento Hip Hop, que se desenvolveu principalmente no bairro Capão Redondo, criando motivação extra para propor o Núcleo, possibilitando dialogar ainda mais com a dança de rua, com os squashes das pickup’s dos DJs, com os microfones afiados dos MCs e na plástica do Grafite, elementos totalmente caracterizados como arte popular urbana. Além de trazer nas letras do Rap uma contestação política, o Hip hop está entre os fenômenos culturais que mais interessam ao grupo, tendo ligação com o novo projeto de pesquisa da Trupe Artemanha que é de estudar o Bairro do Capão Redondo, que em 2012 completará 100 anos.
CPT: A ideia é ser um curso profissionalizante?
Santiago:
 A Escola-CITA não terá característica de formação profissionalizante, se perpetuará com métodos de pesquisas experimentais, buscando espaço para trocas artísticas e políticas, uma escola-mutirão que será construída por todos os envolvidos.
A pedagogia da escola, também será criada a partir de reuniões, debates e vivências entre mestres e aprendizes, relacionando os elementos estéticos com a formação específica de cada turma. Isso significa que a escola já nasce com essa necessidade de continuar existindo como Centro de Referência e Pesquisa Teatral, por diversas questões que ultrapassam valores de investimentos financeiros.
O Núcleo Artístico da Trupe Artemanha continuará pesquisando e entrando em contato com Escolas que se aproximam da Pedagogia da Autonomia e do Processo de Gestão Coletiva, promovendo intercâmbios com mestres, pesquisadores e grupos que mantém escolas de formação semelhantes à proposta da Escola-CITA.

terça-feira, 17 de maio de 2011

PRIMEIRA TURMA DA ESCOLA-CITA


Depois de ter recebido 55 inscrições para a Primeira Turma da Escola Popular de Teatro - CITA, a Trupe Artemanha divulga o resultado de 17 selecionados que passaram pelas 3 Etapas do processo de seleção:

- Adonai Bezerra da Silva
- Ana Paula Pereira Gomes
- Andressa Lima de Souza
- Bruna Reccia
- Carla Franco Massa
- Daniela Oliveira Guimarães
- Edson Muniz Gonzales
- Gabriel Gomes da Silva Santos
- Janaina Mauricia Pereira
- João Luiz Pereira do Couto
- José Gelson da Silva Filho
- Kenny Rogers de Oliveira Queiroz
- Mauricio dos Santos Silva
- Paloma Xavier da Silva
- Priscila de Fátima Jerônimo
- Thaiene Salemi Machado
- Vanessa Cristina Teixeira dos Santos

Agradecemos a todos que se inscreveram e convidamos para participar da Festa de Celebração que será no próximo dia 28 de maio de 2011, a partir das 18h00.

As pessoas selecionadas deverão fazer matrícula até o próximo dia 26 de maio, no seguinte local:

Rua Aroldo de Azevedo, 20 (Praça do Campo Limpo) - De terça à sexta dás 9h00 às 12h00.

Matrícula:

A) A apresentação da documentação solicitada após a seleção, para regulamentação da matrícula:
- 1 Fotocópia (Xerox) dos seguintes documentos: R.G, CPF e Comprovante de Residência;
- 1 Foto 3x4.


Núcleo de Coordenação da ESCOLA-CITA


REALIZAÇÃO:



COPATROCÍNIO: